2010-03-10

Embalagens que enganam II




Fiquei tão animada com o post de ontem sobre as embalagens e rótulos que me tiram do sério, que resolvi continuar com o mesmo tema. Dei uma passada na despensa aqui de casa e depois fui pesquisar na net.

Na rede achei algumas coisas engraçadas, como no blog pt.netlog.com onde encontrei uma lista de produtos com recomendações inacreditáveis em suas embalagens (em Portugal). O autor do blog, um português, se mostrava indignado com os avisos (com toda a razão)! Vejam as que selecionei:

1) Num secador de cabelos: 'NAO USE QUANDO ESTIVER DORMINDO'
2) Numa touca de banho: 'VÁLIDO APENAS PARA UMA CABEÇA' (?!?)
3) Na sobremesa Tiramisú da marca Tesco, impresso no lado de baixo da caixa: 'NÃO INVERTER A EMBALAGEM' (se a pessoa leu o aviso, tarde demais...a embalagem já está virada)
4) No pudim da Marks & SPencer: 'ATENÇÃO: O PUDIM ESTARÁ QUENTE DEPOIS DE AQUECIDO'
5) Nos comprimidos para dormir da Nytol: 'ADVERTÊNCIA: PODE PRODUZIR SONOLÊNCIA' (ainda bem, né?)
6) Numa caixa de luzes decoração de Natal: 'USAR APENAS NO INTERIOR OU NO EXTERIOR' (onde mais?)
7) Num saquinho de batatas fritas que anunciava uma promoção: 'VOCÊ PODE SER O VENCEDOR. NÃO É NECESSÁRIO COMPRAR.DETALHES DENTRO'. (!?!)

Adorei! Não sei quem escreve essas coisas, mas sempre tive a impressão de que esta é uma área na qual as empresas não prestam muita atenção. Aí dá nisso, né?

Claro que esta é a parte divertida da história, mas nem sempre a gente acaba rindo quando descobre, depois de comprar um produto, que as coisas não são bem assim. Sabe aquele sorvete que no rótulo do pote aparece lindo, cremoso, cheio de frutas maravilhosas? Pois então, não é uma decepção abrir a embalagem em casa e sentir o gosto de gordura hidrogenada gelada misturada a uns pedacinhos de alguma coisa também gelada que supostamente seriam as tais frutas?

Sempre me surpreendi com a falta de conexão entre beleza das imagens de alguns sanduíches na TV e nas revistas e a decepção da realidade cara-a-cara.  Tudo tão desmilinguido..

Querem mais exemplos? Estes vêm da minha despensa:

Adoro comprar complexos vitamínicos, pílulas milagrosas que prometem me deixar mais alta, mais magra, mais jovem, mais bonita, mais esperta, mais rápida, mais feliz, mais tudo! Assim, uma visita a uma drugstore americana equivale, em animação e curiosidade, a uma visita à Disney (exagero, mas que eu gosto, gosto).

Da última vez que estive por lá, comprei nada menos que nove frascos de vitaminas - ginkgo biloba, E, cromo, um complexo de cálcio/magnésio/zinco, pílulas de chá verde, cápsulas de canela e por aí vai. Sempre animada com as promessas contidas nas embalagens. Tomemos o exemplo do Ginkgo Biloba, em que o fabricante promete: "pesquisas científicas documentam a habilidade do Ginkgo em melhorar a memória". Já gostei, afinal, quem não quer preservar suas faculdades cerebrais por mais tempo? Põe na cestinha, vou levar!

Horas depois, já de volta ao hotel, comecei a ler os rótulos dos frascos com mais cuidado. Sabe o que percebi? Percebi que depois daquela promessa de garantir minhas lembranças havia um...ASTERISCO! Sim, olha ele lá de novo!! Com medo do que iria encontrar, fui procurar as letras minúsculas correspondentes ao bendito sinal. O que eu achei no verso do rótulo, bem escondidinho? A seguinte ressalva: "Estas declarações não foram avaliadas pelo Food and Drug Administration. Este produto não tem a intenção de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença".
Ai que decepção!!!! Nem prevenir... Pior ainda foi constatar que este asterisco estava presente em todas as minhas vitaminas! Oh tristeza...este sinalzinho me persegue! Claro que continuo tomando meus comprimidinhos, mas já não acredito tanto...e a gente sabe que a fé no tratamento é tudó, né? Pois é...

O mesmo asterisco está presente na caixinha do caldo Knorr. É só olhar para o lembrete "Caldo de carne 'sem conservadores*'". Este "claim" (é assim que os marketeiros chamam este tipo de argumento que comunicam o benefício de um produto) nos induz a imaginar que este caldo é mais natural do que seus concorrentes e mais até do que o próprio Knorr anterior ao novo "sem conservadores*". Que tipo de aviso estaria contido no asterisco então? Já digo: "*como todos os alimentos do mesmo tipo!" Será que é isso, então? Todos os temperos neste formato estão livres de conservadores? Então, não há um mais "natural" do que o outro como somos levados a pensar? Não gosto...me sinto enganada! O fabricante não está dizendo nenhuma mentira, mas a forma como a informação chega a nós consumidores é capciosa.

Um levantamento do LatinPanel para a Abre (Associação Brasileira de Embalagens) constatou que 82% das donas de casa já leram rótulos de produtos. Desse total, 39% afirmam fazê-lo sempre. Segundo os consultores, esse é um hábito que ainda vai crescer bastante entre os consumidores. Ainda bem.

É isso!
E amanhã tem mais...


Nenhum comentário:

Postar um comentário