2010-03-11

Por que amamos tanto nossos bichinhos?



Já contei aqui que minha casa abriga alguns bichinhos!
Meus três filhos adoram animais e a Helena, minha filha, é quem sempre decide que é tempo de adotar mais um. Evidentemente que, na maioria das vezes, eu tenho que fazer o papel da mãe chata que não deixa a população animal crescer. Se não fosse assim, já estariam morando conosco um coelho, alguns pintinhos (que, se sobrevivessem à fúria da Cindy, nossa gata, já teriam se tornado galinhas e galos cacarejantes), vários, vários hamsters, uma infinidade de gatos e toda a população de cachorros vira-latas de São Paulo.

Como não dá para ser assim, temos o Theo, um cachorrinho shitzu bem ardido, a Cindy, uma gata já com seis anos e bem carinhosa, o Peixoto, um peixinho preto que vive solitário em um aquário de frente para a televisão, na cozinha - ele adora programas culinários (menos aqueles em que pescados são servidos!) e tínhamos, até anteontem, o Olavo, um porquinho da India, morador mais recente aqui do Morumbi.

Pois bem, o Olavo é o motivo do post de hoje! Ontem, quando acordamos, percebemos que o pobrezinho tinha morrido, silenciosamente,  durante a noite. Claro que a choradeira tomou conta das crianças, especialmente da Helena que não se cansa de se culpar pelo passamento do bichinho ("como eu não percebi que havia alguma coisa de errado?", "será que ele sofreu?", "por que meu sono é tão pesado?") . Foi uma manhã de luto e providências funerárias aqui em casa - não sabíamos o que fazer com o cadáver, nem com seus pertences - gaiola, pratinhos, comidinhas, serragem...

Aí fiquei pensando o porquê de tanto sentimento. Claro que somos uma família que gosta de animais e mais do que isso, nos apegamos demais a eles. Então, nada mais natural do que  sofrer quando eles vão embora. Mas, queria entender algo mais profundo: por que, levando a vida corrida que levamos, ainda sentimos falta de termos outros seres para cuidar, a quem nos dedicar, vidas que precisam da nossa atenção e de nosso tempo? Pior, pequenas criaturas que trazemos para dentro de casa, que tratamos como gente e que, no meu caso, tenho extrema dificuldade em disciplinar?

Li uma matéria que dizia que a presença de animais de estimação estimula dois mecanismos psicológicos primitivos nos seres humanos: projeção e narcisismo.

A projeção é um mecanismo de defesa que faz com que a gente atribua ao outro, pensamentos, sentimentos, desejos e carências que parecem inaceitáveis em nós mesmos. Explico: a gente projeta nos animais de estimação nossas características, comportamentos e necessidades. É como se a gente amasse o cachorrinho não pelo que ele é, mas pelo que a gente imagina que ele seja. Gostamos de atribuir qualidades aos nossos animais, que não sabemos ao certo se são reais. Tenho amigos que dizem "Meu gato é super mal humorado pela manhã" - será? Outros declaram "Se não levo meu cachorro para passear, ele fica bravo e faz questão de fazer xixi no meu tapete favorito" (o cachorro sabe mesmo qual é o seu tapete favorito ou é você que vê nele traços de uma peronalidade vingativa que, na realidade, são seus?). E eu tenho que confessar que não sei se o Peixoto gosta tanto assim de assistir à Nigella cozinhando, mas eu adoro e gosto de pensar que ele me faz companhia na cozinha...sem comentários.

Tentando entender o lado narcisista da questão, parece que adotamos animais de estimação para suprir nossa necessidade de gratificação. De acordo com este pensamento, gatos e cachorros nada mais são que instrumentos de nosso prazer. Através do cuidado que dispensamos aos nossos animais, nos sentimos importantes, insubstituíveis, amados, poderosos (estas criaturas dependem de nossos cuidados).

Bom, no fim, nada disso importa. O que eu sei mesmo é que é uma delícia chegar em casa e encontrar um gatinho enroscado no sofá ou um cachorro na porta abanando o rabo, muito, muito feliz por te ver (esta é a minha interpretação narcísica).

Eu faço parte daquele time de pessoas que acredita que "quem não gosta de animais bom sujeito não é" (mas é claro que esta teoria tem um montão de furos, já que Adolf Hitler amava seus dobermanns).

É isso gente.
E amanhã tem mais...

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