2010-03-03

Proibir a Devassa Paris Hilton? Não concordo...




Ontem li na Folha de São Paulo a matéria do João Pereira Coutinho sobre a proibição da propaganda da cerveja Devassa com sua modelo Paris Hilton. Devo dizer que concordo com a opinião do jornalista: censurar a vulgaridade, a cafonice e a "jequice" de Paris Hilton, pessoa física, pode ser considerado um gesto honroso. Agora, mandar tirar o filme da Devassa do ar, aí realmente é inadmissível!

Claro que a propaganda é de mau gosto, óbvia (mulher loira vendendo cerveja - quanta originaldidade!) e boba, mas não entendo a lógica em proibir sua veiculação! Será que não cabe a nós, cidadãos e telespectadores consumir as marcas com quais nos identificamos e vetar tudo aquilo que nos parece inadequado?

Sim, porque eu jamais compraria uma cerveja de nome Devassa (acho o conceito muito machista!), muito menos com uma campanha publicitária como esta, estrelando a tal celebridade...mas, também, confesso que não gosto de cerveja.



Quem começou a gritaria contra a peça publicitária foi a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres...alguém sabia da existência desta secretaria? Só o nome já me soa antipático. Políticas para Mulheres? Tenha dó, né? Estamos em 2010!! Aí apareceram alguns consumidores chocados com a indecência - daí para a proibição foi um pulo! O Conselho de Autorregulamentação Publicitária abriu então três processos pela "imoralidade do comercial"

Sabe o que mais me causa estranheza? Qual o motivo de tanto pudor? Todos estamos acostumados a propagandas de cerveja, em que mulheres seminuas aparecem na praia, bebendo "barris de cerveja", como diz João Pereira Coutinho. Por que então o horror diante de uma só mulher usando um vestidinho preto em uma janela, com uma lata de cerveja na mão? Parece que o argumento é que a imagem degrada as mulheres. Alguma de vocês leitoras se sentiram degradadas pela Paris passando a lata de Devassa pelo corpo? Eu não...

Já o relator do processo de suspensão do comercial se sentiu de tal maneira aviltado pela sensualidade exagerada da modelo que decidiu, de maneira mais rápida do que a habitual, proibir que a Devassa continuasse a divulgar tamanha imoralidade. Será que sou eu ou esta gente está maluca? Imoralidade? Como? Quando? Onde?


Mas parece que, graças a Deus, há mais gente que reza pela mesma cartilha que eu. Vejam o que li no Estado de São Paulo: "Em levantamento feito logo após a entrada das denúncias contra o Devassa no Conar, no fim da semana passada, a empresa especializada em monitoramento de mídias sociais, Direct Performance, registrou que, 80% das mensagens postadas nas mídias sociais como o Twitter, mencionavam o caso. E, melhor para a Devassa, de forma positiva para a empresa. Críticas mesmo, só à garota-propaganda Paris Hilton."

O Grupo Schincariol, detentor da marca Devassa, defende-se e argumenta que o anúncio "não ofende em nenhum aspecto qualquer norma ou orientação" do CONAR. Na nota divulgada, a empresa diz que "acata a decisão e já trabalha na defesa do caso".

Ontem a noite a marca já estava no ar com uma nova campanha em que explica que a Paris Hilton foi "obrigada a sair do ar", mas que está na Internet para quem quiser ver. Em seu lugar a Schincariol brinca com um novo filme em que seu logo aparece censurado com uma tarja preta - bastante espirituoso! Gostei.


É isso, gente!
E amanhã tem mais!

3 comentários:

  1. Ei... a proibição foi um golpe de marketing.

    Abre o olho!

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  2. sem dúvida que para a marca a proibição foi bastante benéfica. O penúltimo parágrafo do post deixa isso bastante claro - o que não muda o fato de que houve sim uma proibição oficial, uma censura ao filme. É para isso que temos que ficar de olho aberto.

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  3. Nossa que rídiculo essa proíbição do comercial, eu acho que nós brasileiros já estamos devidamente acostumados com tanta imoralidade no cenário político que uma atitude como essas nos soa como uma piada da qual devemos rir por ser tão patética. "Degrada a imagem das mulheres"... Cara quem se sentir ofendida com um comercial com esse deve ter fcadop maluca ou sei lá, existem tantas outros problemas que devemos resolver que sinceramente essa discussão as vezes parece iútil. Corrupçaõ, miséria, preconceito isso sim deveria ser proibido. O fat de paris ser considerada não diz respeito a consumidores de cerveja, ela apenas era a estrela do comercial!

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