2010-02-05

O Mercado do Luxo no Brasil



Para falar sobre este tema, vamos primeiramente deixar de lado os moralismos e julgamentos - nada daquela história de ficar horrorizado com a perua que gasta 2000 EUROS numa bolsa enquanto na África 2500 crianças morrem DIARIAMENTE de inanição ou de sede!

Hoje o ângulo sob o qual quero olhar a questão é outro: vamos dar uma espiada neste fascinante mercado de produtos lindos, sofisticados, perfumados, premium, de super qualidade, de atenção máxima aos detalhes!


Definição de luxo de acordo com o "Moderno Dicionário da Língua Portuguesa - Michaelis": Qualquer coisa dispendiosa ou difícil de se obter, que agrada aos sentidos sem ser uma necessidade. Tudo que apresenta mais riqueza de execução do que é necessário para a sua utilidade. O que é supérfluo, que passa os limites do necessário.

Definição de luxo de acordo com Coco Chanel: "Luxo é tudo aquilo que é extremamente supérfluo, mas extremamente necessário"

Eu fico com a definição de Chanel - é supérfluo, é exagerado, é, às vezes, ofensivo, mas é uma d-e-l-í-c-i-a!

Li uma pesquisa que listava as características dos consumidores deste mercado (estamos falando aqui de consumidores assíduos e não eventuais - são aquelas pessoas que tem malas de viagem da Louis Vuitton e não apenas o porta moedas dividido em 3x no cartão...). Em geral estas pessoas:

1) são altamente influenciadas bela aparência de um produto (a estética é muito importante, não basta apenas a funcionalidade. Concordo com eles: o design faz a vida tão mais agradável)
2) gastam muito tempo se preocupando com sua imagem
3) costumam negar que compram marcas premium para estabelecer seu status social
4) têm prazer em comprar estes produtos - existe um prazer sensorial em tocar em artigos tão sofisticados, para não falar no orgulho por poder tê-los
5) gostam de se presentear, de se mimar
6) adoram uma exclusividade

Este mesmo consumidor se desinteressa por uma marca a partir do momento que ela começa a ficar "acessível demais". Tudo o que ele não quer é ver sua marca por aí, na mão de todo mundo.

No entanto, as empresas de luxo precisam fazer dinheiro e já há algum tempo começaram a criar subdivisões dentro do luxo inacessível. São elas: inacessíveis, intermediárias e acessíveis. Tomando-se o caso da Chanel, podemos exemplificar as primeiras como as roupas de alta costura da grife, permitidas apenas a um grupo seletíssimo de consumidores (um vestido de festa pode custar 50 mil dólares!). Já as intermediárias são os relógios, as roupas mais simples (não vestidos de festa, claro), tudo ainda muito, muito caro. Por último há as "masstige", mistura de "mass" (massa) com prestige. Esta categoria é muito interessante e é formada por aqueles produtos que não são tão caros e que permitem que nós, mortais, possamos rosetar por aí ostentando óculos ou perfumes Chanel. Eu tenho um par de óculos Chanel há nove anos - não preciso dizer mais nada sobre que tipo de consumidora eu sou né?


Quando se fala emluxo, o Brasil está entre os dez maiores mercado do mundo. Na América, perde apenas para os Estados Unidos, que têm renda per capita dez vezes superior! São Paulo, então é a Meca das marcas de luxo no país!

Agora, vejam alguns números curiosos sobre o luxo no Brasil:

A Tiffany está presente em 40 países, mas apenas no Brasil as vendas dos produtos são parceladas em 3 vezes...Em um determinado momento, em São Paulo, havia 103 consumidores em uma fila de espera para comprar uma bolsa Louis Vuitton de R$9mil, 300 aguardando uma calça Diesel a módicos a R$890,00 e 20 esperando ansiosos por sua Mercedes Classe E custando R$ 400 mil.


E o que dizer da Daslu? Eu acho que a Daslu era chique quando era pequena, um sobradinho na Vila Nova Conceição - depois que virou aquele elefante branco em plena Marginal do Pinheiros (credo!), aí a coisa descambou - afinal, nada daquele tamanho pode ser chique ou exclusivo - tem até farmácia lá dentro!! A Daslu já foi definida como "o parque de diversões dos endinheirados" e oferece algo que seu público aprecia muito - as funcionárias, ou "dasluzetes" são filhas das famílias ilustres que frequentam a loja - assim, as clientes Daslu são atendidas pelas filhas de suas amigas! Até a filha do ex-governador Geraldo Alckmin, Sofia, já trabalhou lá. Já pensou?

É isso.
E segunda-feira tem mais...

Ah, uma última coisa: eu conheci uma pessoa que tinha uma loja de produtos importados, carésimos, num famoso hotel 5 estrelas de São Paulo. Sabem quem eram seus maiores clientes? Deputados e suas senhoras visitando São Paulo - pediam para faturar suas compras junto com as diárias...

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