O Poder das Novelas

A televisão tem um poder enorme no Brasil - são tantas as considerações a serem feitas, que não dá para abordar tudo num post. Assim, quero discutir com vocês alguns temas que têm tomado espaço na mídia nos últimos dias.


Li na Folha de São Paulo de domingo, mais especificamente no caderno "Ilustrada", uma matéria sobre o merchandising em novelas - o texto falava basicamente como se vende de tudo no horário nobre - às vezes de maneira sutil, mais sofisticada, apenas insinuando a marca do carro usado em cena. Na maioria das vezes porém, a propaganda é descarada mesmo - quem nunca viu um personagem de novelas da Globo relatando as maravilhas de se ter uma conta no Itaú? Chega a ser ridículo, mas apesar das minhas reservas quanto a este tipo de publicidade, acredito que ela deva ser persuasiva já que está sempre lá, novela após novela.



Acho que no Brasil não se faz um uso adequado do merchandising - é sempre muito agressivo, para não dizer grosseiro. Os produtos raramente estão inseridos no contexto da trama e tem-se a impressão de que há um "intervalo" dentro do programa: no meio do diálogo abre-se um espaço para propagandear hidratantes, cremes cosméticos, perfumes e o que mas vier. Quem assiste aos seriados americanos nas TVs a cabo, mal percebe o merchandising acontecendo (mas ele acontece sim!) - é muito mais sofisticado e, quase sempre, pertinente, inserido no roteiro.

Já na terça-feira a Folha publicou a coluna do João Pereira Coutinho em que ele defende a TV, mas aí sob outro aspecto - ela fala sobre a influência social das novelas: será que o comportamento dos personagens dos folhetins afetam nossa vida real? Estudos acadêmicos dizem que sim, que a influência é grande, mas aí não precisa ser um gênio acadêmico para constatar este fato, né? Claro que esta "dominação" é muitas vezes boa, mas outras tantas o que se observa é uma falta de "filtro" dos telespectadores que adotam como certo qualquer atitude vinda dos personagens das novelas. As primeiras áreas a serem afetadas pelo impacto das novelas são a moda (o número de pessoas que entra em contato com a Rede Globo para saber o nome da cor do esmalte, da cor do cabelo e a marca da bijouteria de uma atriz é impressionante) e o modo de falar (adotamos as gírias cariocas "maneiro", "bolado"...). Mas não dá para esquecer a música - o que toca nas novelas é automaticamente sucesso!


Claro que nem tudo é ruim, muito pelo contrário! Adoro a televisão e acho que o saldo é muito mais positivo do que negativo. Vale a pena lembrar do merchandising social, cada vez mais comuns nas novelas: já tivemos portadores de Síndrome de Down no horário nobre ajudando a acabar com o preconceito e provando que é possível sim ter uma vida produtiva. Campanhas para denunciar o roubo de crianças e ajudar a encontrar filhos desaparecidos, tratar da esquizofrenia, falar sobre temas "pesados" como transtornos alimentares, alcoolismo, dependência de drogas ilícitas e mais um monte de assuntos difíceis são abordados nas novelas de maneira inteligente e "digerível" - não fica com cara de sermão chato. A gente aprende através do exemplo e quando este exemplo vem na forma de imagens (maquiadas e com roupas da moda) seu apelo é muito maior.

Por hoje é isso. Curtinho assim.
E amanhã tem mais, ainda sobre o a influência da novelas no nosso comportamento.