Verde que te quero verde!

O assunto não poderia ser mais atual, né? Hoje em dia todo mundo fala de ecologia, preservação do meio ambiente, aquecimento global, reciclagem de lixo, desenvolvimento sustentável, derretimento da calota polar, enfim, a saúde do planeta é a grande preocupação do momento!

Há revistas falando do assunto, programas na TV dedicados exclusivamente à formação de uma consciência ecológica, desenhos (Família Goode - é uma série de animação cuja história gira em torno de uma família obcecada em fazer a "coisa certa" ecológica, política e socialmente) e há até pessoas que se propõem a mudar totalmente seu estilo de vida para outro em que não haja NENHUMA agressão ao meio ambiente - sem luz, racionamento de água, reciclagem, consumo consciente (Deus me livre, aí também é exagero!).

Mas e o consumidor brasileiro, como se comporta diante de todos estes estímulos? Já li algumas pesquisas sobre o assunto e há algumas conclusões interessantes:

1) o brasileiro ainda não paga mais caro por produtos eco-friendly

2) o conceito de "ecologicamente correto" ainda não é muito claro para todo mundo

3) os consumidores confundem empresas socialmente responsáveis com empresas que respeitam o meio ambiente: quando solicitadas a dar um exemplo de empresa que não agride a natureza, os consumidores mencionavam marcas participantes do Teleton e do Criança Esperança, marcas que nunca vincularam seus nomes com qualquer iniciativa verde (a exceção é sempre a Natura, que comunica o respeito a tudo que é nosso, tudo que é da Amazônia, além de ter um nome que ajuda esta relação)


4) também ainda não atingimos o nível de sofisticação de alguns países europeus que se preocupam com a origem e o destino das embalagens dos produtos que compram. Explico: lá os consumidores (não todos, claro) se interessam em saber qual o material utilizado na fabricação das embalagens bem como o que acontece com ela após o seu descarte - é reciclável, biodegradável? Aqui não temos esta consciência ainda.


5) a marca Ypê aparece também no rol de marcas que os consumidores classificam como ecologicamente responsáveis - a fabricante de detergente em pó anunciava que a parte da compra de seus produtos era revertida no plantio de árvores por parte da empresa (interessante que ninguém se perguntou qual o impacto do sabão em pó depois que este era despejado nos rios pelo esgoto de nossas casas, também ninguém questionou o processo de fabricação do produto a fim de verificar se ele causava ou não algum impacto na natureza). Depois começaram a comunicar que "Tixan Ypê é ainda mais amigo do meio ambiente, pois tem reduzido teor de fosfato, colaborando com a melhoria da qualidade das águas (preservação do oxigênio), o que beneficia todo o ecossistema". Aposto que ninguém entendeu nada, mas a imagem de "bem feitor da natureza" ficou "colada" no cérebro de todo mundo;

6) muito das ações ecológicas adotadas pelos consumidores foram ensinadas pelos próprios filhos: banhos mais curtos, fechar a torneira quando escovar os dentes e lavar a louça, não "varrer" a calçada com a mangueira - os filhos trazem para o mundo da casa o que aprendem nas escolas, ONGs, na mídia, na internet... E se incomodam, sobretudo, com o desperdício da água


7) aparentemente quanto mais se globaliza os problemas, mais peso se confere a eles, mas quanto mais se aproxima, quanto mais se localiza na cidade, no bairro, no cotidiano... mais sentimento se desperta e mais fácil predispor à adesão

8) os consumidores não são inocentes: afirmam que é preciso estar atento para separar o ‘joio do trigo’. Muito se fala, muito se promete, muito se diz que foi feito... Mas há muito "marketing", muita carona nessa história... Somente marcas confiáveis encontram predisposição ao crédito e confiança.

9) manifestam certa desconfiança com as atitudes dos outros. Veja o que diz esta consumidora: "Eu jogo lixo separado, mas às vezes eu fico pensando: e aí? Onde foi parar tudo o que eu separei? Onde estão os produtos reciclados que eu nunca vejo em lugar nenhum?"

É isso, gente. Parece que ainda temos um longo caminho a percorrer
E amanhã tem mais...