2010-02-04

O Poder das Novelas 2



O assunto é tão divertido que fiquei com vontade de continuar escrevendo, principalmente com a ajuda dos leitores que me mandam sugestões de leitura. Hoje quem colaborou foi a Renata que me mandou duas matérias diferentes: uma do The Economist (http://www.economist.com/world/americas/displaystory.cfm?story_id=E1_TPNSRQNQ) e outra do The New York Times (http://freakonomics.blogs.nytimes.com/2008/06/12/did-soap-operas-shrink-brazils-families/). Obrigada!




Vamos começar falando sobre mais uma campanha polêmica defendida pela Rádio Jovem Pan (depois de "Brasil, o país dos impostos", dos adesivos "eu já fui assaltado" e "eu tenho vergonha dos vereadores de São Paulo" e do slogan "São Paulo, a cidade mais violenta do Brasil" - acho que era assim, e ainda tinha de fundo o som de tiros. Uma delícia de ouvir às 7h da manhã indo trabalhar... ). Agora a Pan compra uma briga com a Rede Globo e suas novelas (dizem que a motivação passa pelos gramados de futebol e o fato de repórteres esportivos não poderem mais entrevistar jogadores no campo, a pedido da Globo, detentora dos direitos de transmissão dos jogos). A JP lançou um editorial na semana passada atacando as novelas do horário nobre: "a disputa de audiência coloca no ar uma libertinagem que agride a família brasileira” e continua “a devassidão está escancarada”! Mas, qual será o grau de influência dos comportamentos apresentados nas novelas na vida dos cidadãos brasileiros?

As novelas da Globo são assistidas por uma média de 40 milhões de pessoas - é muita gente, né? As tramas ocorrem, normalmente, em São Paulo ou no Rio de Janeiro e as famílias retratadas são menores, mais brancas e mais ricas do que a média brasileira. Assim, as novelas não retratam a vida dos brasileiros mas, retratam sim a vida que todos nós aspiramos (daí a grande influência que exerce sobre todos nós) - uma vida de gente feliz, realizada, bonita, magra, com dentes lindos, bem vestidas...

O Banco Interamericano de Desenvolvimento fez um estudo em que cruzou alguns dados: de um lado, a expansão da rede Globo no país, de outro as taxas de fertilidade e de divórcio. Os dados são impressionantes: em 1960 as mulheres tinham, em média 6.3 filhos e passaram a ter 2.3 em 2000. A pesquisa afirma que as famílias pequenas e felizes mostradas nas novelas tiveram papel decisivo nesta tendência. E mais, a chegada da Globo em um determinado lugar significava uma queda de 0.6% na probabilidade de uma mulher ter mais filhos - este índice é o mesmo que se associa a uma mulher com dois anos a mais de escolaridade. Explico: a cada dois anos a mais de permanência na escola cai em 0.6% a probabilidade de uma mulher ter um filho, ou seja, quanto mais estuda, mais planeja, mais consciência adquire e menos filhos tem. Ou então, basta assistir às novelas da Globo que a probabilidade de ter mais filhos decai na mesma proporção. Impressionante, não?

E as taxas de divórcio? Apesar de mais modestas, ainda chamam atenção: os pesquisadores descobriram que, mais uma vez, quado a Globo conquistava uma nova praça, um aumento de 0.1 - 0.2% no total de mulheres divorciadas era percebido. Os autores de novelas defendem a idéia de que ver mulheres independentes e confiantes levando a vida escolheram era um grande motivador para as telespectadoras. Assim, elas acreditavam que podiam fazer o mesmo pelas próprias vidas e viravam a mesa!

É verdade que no Brasil as novelas discutem tudo - e acho isso bastante positivo! Num país com tamanha carência de escolas e de educação formal, o papel de ensinar, de formar cidadãos melhores, mais conscientes de seus direitos e obrigações ficou mesmo com a TV. O que você acha?

Agora, para terminar dando risada, achei no blog "Angu" (http://bloganguangu.blogspot.com/2010_01_01_archive.html) o seguinte post: "Fatos que sempre acontecem nas novelas da Globo"

1. Pobre nunca repete roupa.
2. Aconteça o que acontecer, sempre no final da novela o vilão morre, fica louco ou vai preso e resto da novela se casa e/ou tem filhos.
3. Não importa onde os personagens fiquem doentes, sofram acidentes ou tenham um ataque cardíaco, eles sempre vão internados no mesmo hospital.
4. Em novelas de época, sempre um pouco antes de uma mulher casar com um homem que foi escolhido pela família ela conhece outro homem e no final se casa com ele.
5. Sempre antes de matar alguém o vilão tem um diálogo de 30 minutos com o a pessoa que ele vai matar.
6. O herói e mocinho da novela podem levar dois tiros na perna, uma facada, um choque de 2000KW ou qualquer coisa do tipo, mas sempre depois de tudo isso vão ter força de correr, escalar prédios, lutar e ganhar do vilão.
7. As personagens sempre acordam de maquiagem feita.
8. Sempre quando estão escrevendo alguma coisa no computador as pessoas falam em voz alta o que estão escrevendo.
9. Sempre o núcleo principal da novela é em São Paulo ou no Rio de Janeiro.
10. Zé Mayer sempre pega pelo menos 5 mulheres em cada novela


É isso, gente.
E amanhã tem mais...

Um comentário:

  1. Nesta atual novela das 8 que começa às 9, o Zé (Pegador) Mayer é pai de metade do elenco. Coitado k k k!!!!!!!

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