2010-04-19

2ª feira é dia de fazer o bem - combatendo a praga do Talibã


Vocês se lembram desta foto? A da esquerda ficou famosa ao ilustrar a capa da revista National Geographic em 1984 e depois, mais ainda, quando em 2001 retornou à revista em dose dupla. A fotografia mostra a afegã Sharbat Gula em dois momentos distintos: quando era ainda uma menina e 17 anos depois, quando tinha por volta de 28, 30 anos - ninguém sabe ao certo, nem Sharbat, já que a aldeia onde mora não tem registros de nascimentos de seus habitantes.

Tive aulas de antropologia quando cursava a faculdade e me lembro da professora dizer e repetir que "nunca devemos julgar nem condenar uma cultura, o hábito de uma civilização. O que não faz sentido para nós é parte da história de outro povo". Tenho que confessar que nunca concordei inteiramente com esta afirmação. Explico: uma coisa é uma civilização que permite a poligamia, em que o marido casa com 3 mulheres e todos vivem felizes e realizados. Isso, apesar de eu não entender e não querer para mim, faz sim parte de uma cultura. E se todo mundo está feliz, então ok, continuem a viver da maneira que quiserem. Caso muito diferente, no entanto, é querer que o resto do mundo aceite a selvageria, a mutilação, a opressão, a violência contra um grupo de pessoas. Aí não dá - e ainda por cima chamar a bestialidade de "cultura, história", não dá mesmo.

Assim, como aceitar o que aconteceu com a menina Sharbat Gula e com os outros milhões de mulheres e crianças vítimas desta maldição chamada Talibã? Esta gente que deturpa as palavras e cria uma milícia extremista com uma interpretação bastante própria (e cruel) dos ensinamentos islâmicos?

O Talibã passou a controlar o Afeganistão em 1996 e desde o início submeteu o país, com extrema violência, a uma brutal ditadura e a um "apartheid" em que mulheres e meninas eram desprovidas de qualquer direito humano, até os mais básicos (sob as regras do Talibã as mulheres afegãs só podiam rir na presença de seus maridos).

Elas eram mantidas praticamente como prisioneiras dentro de suas próprias casas. As primeiras medidas do Talibã, assim que a milícia se instalou no poder, foram:

1 - banir mulheres da força de trabalho. Elas não podiam exercer qualquer atividade profissional

2 - fechamento das escolas para meninas. As mais velhas foram expulsas das universidades

3 - mulheres estavam proibidas de sair de casa, a não ser que acompanhadas de algum parente do sexo masculino (apenas pai, irmãos ou marido)

4 - a hedionda, a medonha burca passou a ser traje obrigatório

5 - como já dissemos, mulheres não podiam exercer qualquer atividade profissional. Ao mesmo tempo nenhuma mulher poderia ser examinada por um médico do sexo masculino. O resultado prático é que sem médicas ou enfermeiras, as mulheres não recebiam atendimento médico.

Agora pergunto: a gente tem que respeitar isso? A gente tem que considerar isso uma "tradição que o ocidente não entende"? Não, não e não!!

Em 2001 uma missão internacional derrubou o Talibã do Afeganistão, trazendo um suspiro aliviado para a população feminina mundial. No entanto, ainda serão necessários muitas décadas para que as mulheres afegãs possam viver com um mínimo de dignidade e respeito.

Ainda hoje, a cada 30 minutos uma mulher afegã morre em trabalho de parto. Oitenta e sete por cento da população feminina de lá é analfabeta! Apenas 30% das meninas têm acesso à educação. Uma em cada 3 mulheres sofrem violência física, sexual ou psicológica. Oitenta por cento das mulheres são obrigadas a aceitar um casamento com o qual não concordam. Muitas meninas tiveram seus rostos desfigurados por ácido quando caminhavam para a escola. Enfim, um encanto de lugar, não?

Felizmente há muita gente pelo mundo afora inconformada com esta situação e tentando ajudar. A Fundação "Feminist Majority" (http://feminist.org/afghan/index.asp), que prega a "igualdade em todo o mundo" recolhe doações e atua no país a fim de melhorar o destino destas mulheres e meninas. A gente pode ajudar doando dinheiro ou comprando artesanato feito pelas afegãs.

A organização "Voice of Women" também tem como objetivo promover a vida das mulheres no Afeganistão e estender as leis internacionais de direitos humanos a elas.

Ler as histórias de vidas destas mulheres e meninas é revoltante e deprimente, mas podemos fazer sim alguma coisa para ajudar.

É isso, gente.
E amanhã tem mais. Prometo um post mais leve.


Um comentário:

  1. Concordo com tudo ! Eu pude viver um pouco disso lendo o livro "A cidade do Sol", e é realmente terrivel

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