2010-04-14

Quem é mais egoísta? A resposta pode te surpreender...

Fonte: The new York Times


A revista Science relata uma experiência feita para avaliar o grau de imparcialidade das pessoas em relação a estranhos. O teste foi feito com 2000 pessoas de 15 pequenas comunidades: num Wallmart de uma região rural do Missouri (USA) e em povoados menos modernos de Fiji, África, Ásia e América Latina (aqui o teste foi aplicado entre indígenas da Amazônia).

O experimento era assim: um jogador (chamado ditador) tinha autoridade para guardar para si 100% do prêmio oferecido no jogo (equivalente a um dia de trabalho) ou poderia dividi-lo com outro jogador participante. Detalhe: a identidade de ambos não seria revelada para nenhum dos dois. Ou seja, para o ditador o outro jogador era de fato um estranho´, mas por outro lado ele sabia que não seria julgado como egoísta já que sua identidade seria preservada.

A opção mais lucrativa, obviamente, era ficar com o prêmio inteiramente para si. No entanto,  o que os pesquisadores queriam avaliar era justamente quem o dividiria com um estranho, ainda por cima sem levar os méritos por ter sido generoso.

Qual foi a comunidade mais altruísta? Preparem-se...foram os moradores do Missouri.  Este pessoal dividiu em média, 45% do prêmio - em outras palavras o "ditador" praticamente repartia seu bônus ao meio com um total estranho.

Lá no Missouri, o egoísmo era tão ofensivo para os participantes do teste que eles castigariam o ditador avarento mesmo que isso lhes custasse dinheiro.


Os agricultores de susbsitência e os indígenas da Amazônia ofereceram apenas 25% do prêmio para ser dividido. Eles também foram mais severos quando tiveram a oportunidade, numa variação do jogo, de punir o outro jogador (desde que não às próprias custas).

Convém lembrar que este estudo não prova a superioridade moral dos missourianos porque as sociedades tradicionais enfatizam virtudes diferentes, como dar alimento e conforto a parentes.

Alguns antropólogos afirmam também que temos um sentido inato de justiça que é afetado por variações culturais. Afinal, por que deixamos gorjeta em um restaurante que não pretendemos voltar? Por que devolver a carteira de um desconhecido que você achou num táxi? Parece que temos um instinto para fazer o que é certo, mas este instinto é "burilado" de acordo com o ambiente em que vivemos.

Talvez a fartura americana ajude a explicar esta generosidade de seus cidadãos, enquanto que em comunidades que sobrevivem graças à agricultura de subsistência esta parcimônia seja aceita (ou até mesmo obrigatória) entre os familiares e conhecidos, mas não se justificaria entre completos estranhos.

É isso, gente.
E amanhã tem mais...


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