2010-04-30

Mudanças menos óbvias provocadas pelos livros eletrônicos...

Já disse aqui que sou louca por novidades, o que  faz com que meu óbvio sonho de consumo atual seja o IPad e o Kindle, os dois livros eletônicos da Apple e da Amazon respectivamente. O IPad é bem mais que um livro eletrônico, mas tem esta funçao também. Adoro esta parafernália...

Já li várias matérias prevendo mudanças radicais na relação leitor x autores x editoras agora que os livros viraram arquivos eletrônicos e consequentemente se tornaram mais baratos, mais acessíveis (por 10 dólares e em 5 minutos é possível baixar um livro na Amazon), mais fáceis de armazenar...enfim, este fenômeno veio para ficar e só o tempo vai nos dizer qual o verdadeiro impacto que estas maquininhas vão causar em nossas vidas.

Mas haverá também as pequenas alterações em nosso comportamento, e são estas que me interessam hoje. Vou falar sobre mudanças aparentemente insignificantes, diferenças em nossas atitudes que hoje não têm impacto nenhum, mas que, acredito, definem em que tipo de sociedade vamos viver daqui a alguns anos.

Uma vez eu estava sentadinha no metrô de Londres e vi uma moça lendo um livro - até aí tudo bem, fato super corriqueiro para uma população que está sempre dentro de algum meio de transporte público e tem que ter algo para se distrair. Mas o que me chamava a atenção era o nível de concentração desta moça, o quanto ela estava absorta no enrendo do livro. A capa do livro também era bem interessante e o título da obra me intrigou: Atonement (me intrigou porque eu não tinha idéia do significado daquela palavra). Pois bem, neste mesmo dia passei em uma livraria e fui em busca do Atonement, que descobri ser "Reparação"em português (o título do livro e do filme aqui é "Desejo e Reparação"). Comprei, li, devorei e adorei!

Pois bem, este singelo episódio não seria mais possível se a tal moça estivesse de posse de um e-book, já que estes não têm capa! Como vamos poder xeretar o que nosso vizinho de poltrona está lendo? Eu sempre fui observadora (acho que uso esta palavra como eufemismo para bisbilhoteira) e gosto de saber do que os outros gostam - muitas vezes estas dicas são preciosas! Não fosse a leitora do metrô e talvez eu nunca tivesse lido este romance maravilhoso! E mais: é tão bom (mas nem sempre justo ou exato) poder julgar um livro pela capa!! Li o depoimento de uma leitoraque acertou na mosca: "Há algo de especial em ter um belo livro que parece intelectualmente pesado e apetitoso...você se sente orgulhosa de estar lendo isso". Pode parecer bobagem, mas não é - existe mesmo um prazer em desfilar por aí com seu livro, exibindo seu gosto literário (ou até a falta dele), em notar as páginas lidas se acumulando de um lado, enquanto as não lidas vão diminundo rapidamente...

Do lado de autores e editoras, a perda das capas significa perda de uma publicidade gratuita que tem quase a mesma força de um boca-a-boca - é o testemunho de um consumidor, de alguém que a gente considera isento e, portanto, confiável. Não se deve nunca desprezar o potencial do visual como fator de persuasão na hora da compra - a capa atrai os leitores sim!

Claro que, por outro lado, se você não quer que ninguém saiba que você está lendo "O Doce Veneno do Escorpião", de Bruna Surfistinha, ou "Caminho para as Borboletas", de Adriane Galisteu, estes aparelhinhos serão a sua salvação...bobagem minha, estou sendo preconceituosa! Livro é livro, é uma delícia e todos valem a pena.

É isso gente.
E segunda-feira tem mais.


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