2010-04-07

No Place is Like Home (não há lugar melhor do que a casa da gente)

Fonte: O Código Cultural, de Clotaire Rapaille



Este livro tem sido bastante utilizado por aqui e não é para menos: as explicações e os insights contidos em cada capítulo fazem com que a gente vá esboçando um sorriso a medida que avança na leitura do texto. Sabe aquele sorrisinho de quem reconhece o que está sendo dito? Pois é, isso acontece o tempo todo comigo quando leio (e releio) as páginas escritas pelo Dr. Rapaille.

Desta maneira, resolvi tirar “O Código Cultural” da estante mais uma vez e dividir com vocês mais uma teoria do autor : desta vez vamos nos debruçar sobre o conceito de casa e lar para os americanos. Para mim a teoria do autor faz todo o sentido do mundo – e você, o que acha?

Primeiramente vamos examinar as casas americanas (antes de seguir me sinto na obrigação de dizer que não há neste post nenhuma intenção de crítica, até porque já confessei aqui minha profunda admiração pelo “american way of life”): muito de acordo com a maneira de pensar e de viver de seu povo, suas casas são construídas com telhados e paredes que protegem e isolam seus habitantes das variações climáticas. Em outras palavras, faça frio ou faça calor, nenhum morador é incomodado por temperaturas inconvenientes. Suas cozinhas são construídas visando sempre a praticidade e a rapidez (tanto no preparo das refeições como na limpeza do ambiente). Até aí nenhuma novidade – a casa reflete mesmo a maneira de viver de seus proprietários. A cozinha também é um lugar central numa casa americana – com lugares para se sentar, televisão e outras amenidades que promovem o encontro familiar, mesmo que este encontro seja apenas a noite. A expressão “cozinha americana” em que este espaço quase que “invade” o resto da casa dá uma boa medida da importância deste cômodo.

Agora, e quando esta casa se transforma em um lar? É bom dizer que o lar é um arquétipo muito poderoso na cultura americana – quer ver?

Um dos rituais mais sagrados nos Estados Unidos (acho até que mais reverenciado do que o Natal) é o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day). Quase sempre esta celebração ocorre na casa da matriarca da família – ou seja, no lar original dos membros da família. Mesmo quando esta mãe já se mudou algumas vezes e não vive mais na casa da infância de seus filhos, ainda assim a nova casa representa o lar (é lá que moram os pais, onde estão as fotos de família, as recordações de uma vida).

Quando os Estados Unidos estão em guerra, seus governantes sempre dizem que a meta é “trazer nossos rapazes (e moças) de volta ao lar”. Algumas das imagens mais poderosas por lá são justamente as de soldados voltando para casa e se jogando nos braços de pais e parentes.

Qual o esporte preferido pelos americanos? Acho que é o Baseball. Pois bem, como se chama a base onde está o batedor? Base home. E como se chama a volta no “quadrado” que o jogador tem que dar para marcar ponto? Home run (corrida ao lar). Quer dizer, não há outra maneira de marcar ponto a não ser chegando à “base home”.

O filme Apollo 13 é outro exemplo. Por que foi um sucesso? O filme trata de uma missão espacial que falhou em todos os seus objetivos iniciais – qual o apelo? Pois bem, o filme tocou no coração dos americanos (e nos nossos também) justamente por que tratava não de problemas técnicos ou espaciais – a história girava em torno de algo muito próximo do coração: trazer a tripulação de volta ao lar.

Bom, não sei quanto a vocês mas eu concordo plenamente com a frase “não há lugar melhor do que a casa da gente” – chegar em casa depois de um dia inteiro na rua e encontrar sua casa cheirosa, com a cozinha movimentada e atividade em volta do fogão, meus filhos vendo TV, meu animais enroscados no sofá...ai que delícia!

É isso gente.

E amanhã tem mais...

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