2010-04-23

A Arte da Manipulação!


Segundo o dicionário Michaelis, a definição de  "manipular" fica em torno de: "preparar com as mãos, forjar, engendrar".

No meu caso, este verbo me remete sempre às marionetes manipuladas em teatros - esta é a essência da manipulação, não é? Colocar a mão dentro do boneco ou dirigi-lo por meio de cordões, a fim de que ele faça exatamente aquilo que o manipulador pretende.

Parece incrível que nessa nossa vida moderna, conhecida como a "era da informação", o perído em que  qualquer notícia se espalha pelo mundo em questão de segundos, a gente ainda possa ser vítima de manipulação. Mas o fato é que somos. E não estou falando apenas da manipulação perpetuada por governantes, gente poderosa, grandes corporações. Estou falando disso e de muito mais...que ver?

Muito cedo na vida nós aprendemos a ser manipuladores , afinal as birras e chiliques infantis nada mais são do que uma tentativa, por parte da criança, de fazer seus pais cederem às suas vontades. Os pequenos entendem logo o poder desta manipulação!

E o photoshop? Um tremendo recurso de manipulação - a ferramente altera a aparênciadas pessoas (para melhor ou pior) mas pode alterar qualquer imagem transformando uma ilusão em verdade.

No cinema somos vítimas, durante 120 minutos, da manipulação de atores, diretorese produtores. Mas aí é a manipulação do bem - um bom filme manipula suas emoções no escurinho da sala, faz da gente o que quiser. Melhor dizendo, um bom filme faz de mim o que quiser: choro, morro de medo, dou risada. Esqueço de tudo durante a projeção.

Um exemplo sinistro? Joseph Goebbels, o eficiente e maldito ministro da propaganda  nazista. Sabe o que ele costumava dizer? "Se você contar uma grande mentira e repeti-la muitas e muitas vezes, o povo passa a acreditar naquilo como verdade absoluta. Isso é bom para o Estado. Para mim, a verdade é a maior inimiga do Estado". Pessoa querida, né? Gente boa mesmo...

Há ocasiões em que um fato cria a oportunidade perfeita para se elevar a manipulação a níveis impensáveis: 11 de setembro de 2001. O terror foi tamanho que a população americana (e mundial) virou refém do medo. E em nome deste medo, os americanos apoiaram qualquer atitude de seu então presidente.

Não podemos nos esquecer também da manipulação de competições esportivas. Vira e mexe a gente ouve falar de algum jogo de futebol que teve seu resultado combinado previamente.

Não quero entrar aqui no assunto chatíssimo de manipulação das informações pela mídia. Esta história de que a Rede Globo (que assisto) e a revista Veja (que assino) não são isentas no trato das notícias. Até porque, se tiver que falar delas tenho que citar também a Carta Capital e a Rede Bandeirantes e este não é o propósito deste blog. Não somos um blog político, apesar das minhas preferências muitas vezes ficarem claras.

Por último queria lembrar com vocês o caso mais famoso de manipulação de notícia:  caso Orson Welles, que aconteceu há mais de setenta anos com a transmissão de uma obra de ficção científica pela rádio CBS, onde os fatos foram interpretados pelos ouvintes como reais. A notícia dava conta de uma invasão alienígena na Terra.

30 de outubro de 1938. A rádio CBS - Columbia Broadcasting System - e suas afiliadas de costa a costa, transmitem, dentro do programa Radioteatro Mercury, A invasão dos marcianos. Na adaptação da obra A Guerra dos Mundos do escritor inglês H. G. Wells, centenas de marcianos chegam em suas naves extraterrestres a uma pequena cidade de New Jersey chamada Grover's Mill.

Todas as características do radiojornalismo usadas na época se faziam presentes a fim de dar credibilidade à "matéria": reportagens externas, entrevistas com testemunhas que estariam vivenciando o acontecimento, opiniões de especialistas e autoridades, efeitos sonoros, sons ambientes, gritos, a emotividade dos envolvidos, inclusive dos pretensos repórteres e comentaristas, davam a impressão de um fato, que estava indo ao ar em edição extraordinária.

A CBS calculou na época que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas, das quais metade passaram a sintonizá-lo quando já havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se do radioteatro semanal. Pelo menos 1,2 milhão tomaram a dramatização como fato, acreditando que estavam mesmo acompanhando uma reportagem extraordinária. E, desses, meio milhão tiveram certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico e agindo de forma a confirmar os fatos que estavam sendo narrados: sobrecarga de linhas telefônicas interrompendo realmente as comunicações, aglomerações nas ruas, congestionamentos de trânsito provocados por ouvintes apavorados tentando fugir do perigo que lhes parecia real, etc. O medo paralisou três cidades.

Incrível né? Daí veio o conceito de "audiência rotativa do rádio":  não dá para assumir que os ouvintes estejam conectados, todos,  desde o início da reportagem. Assim, hoje, é comum a gente escutar o jornalista repetir várias vezes o contexto da notícia durante o programa de rádio para  que todos - inclusive aqueles que acabaram de sintonizar - saibam exatamente o que está acontecendo.

Para quem se interessar, dá para ouvir a transmissão da "Guerra dos Mundos" original, feita pelo Orson Welles, no Youtube. Vai lá!


É isso gente.
E segunda-feira tem mais.

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