2010-01-21

As saias justas das grandes corporações




Hoje vou relatar alguns casos bem delicados envolvendo grandes empresas e consumidores ofendidos.

Em julho de 2008, na cidade de Dearborn, Michigan, USA, duas mulheres muçulmanas deram entrada num processo judicial contra a maior cadeia de fast-food do mundo, o McDonalds, alegando que sofreram discriminação durante uma entrevista de emprego porque estariam usando o hijab (véu típico que cobre os cabelos e só deixa o rosto de fora). A alegação das duas mulheres é que o gerente que conduzia a entrevista teria dito a elas que só seriam consideradas para a vaga de emprego se tirassem o hijab.

A cidade de Dearborn é uma cidade onde a colônia muçulmana é uma das maiores dos Estados Unidos (na realidade, é a maior concentração de árabes fora do Oriente Médio e, em algumas escolas, 90% dos alunos são muçulmanos), e os restaurantes de lá oferecem comida "halal", isto é, alimentos preparados de acordo com os preceitos da religião muçulmana - o Mc Donalds é um deles.

O caso gerou grande comoção na comunidade e protestos como "eles aceitam dinheiro dos muçulmanos mas não aceitam que uma muçulmana trabalhe lá". O Mc Donalds afirma que é "um restaurante global" e que a diversidade é constantemente estimulada também entre seus funcionários. Difícil, né?

Outro caso envolvendo questões étnicas, aconteceu na China e teve como protagonistas a marca Dior e a estrela de cinema Sharon Stone. O caso ocorreu em 2008 e terminou com a marca tirando a atriz (o rosto da marca) de suas campanhas publicitárias na China. O motivo? A atriz disse "..e estes terremotos e todas estas coisas ruins acontecendo na China me fazem pensar - será karma? Será que quando você faz coisas ruins para os outros, coisas ruins acontecem para você também?" Sharon Stone se referia aos terremotos que mataram 68.000 pessoas na China e deixaram milhares de famílias sem casa como sendo um castigo pela maneira como o governo chinês trata o Tibet. Os chineses consideraram esta afirmação infeliz e "insensível" já que milhares de vidas tinham sido perdidas. A Dior imediatamente retirou Sharon Stone de sua publicidade na China. Afinal, quem tem peito para comprar briga com um mercado daquele tamanho?

Em 2006 foi a vez da Coca-Cola passar por estes dissabores. Dez das maiores universidades americanas baniram a venda de qualquer produto desta marca em seus campi. Uma delas era a Universidade de Michigan, responsável por vendas ao redor de 1.4 milhão de dólares ao ano. Este banimento foi o resultado de uma campanha agressiva por parte dos alunos e de militantes dos direitos humanos. Qual foi o pecado da Coca-Cola? Na realidade, foram dois: práticas de trabalho condenáveis na Colômbia (falta de segurança principalmente) e falta de cuidado com o meio-ambiente na Índia (poluição do lençol freático). O caso na Colômbia era particularmente sério: a empresa estava sendo acusada de contratar grupos paramilitares para coagir os sindicalistas e trabalhadores envolvidos no plantio de coca e no envasamento do produto que exigiam maiores salários e melhores condições de trabalho. De fato, o número de sindicalistas mortos na Colômbia era muito acima da média. A companhia negou tudo, claro.

Todos estes exemplos falam de crises e numa hora dessas as empresas contratam um tipo de profissional que eu não me canso de admirar: o gerenciador de crises. Vou voltar a falar dele em um post futuro.
É isso, gente.
E amanhã tem mais...

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