2009-12-30

Carpe Diem!


Hoje quero falar com vocês sobre uma matéria que li no The New York Times em 28/12! O título da matéria era "Carpe Diem? Quem sabe amanhã".

A primeira vez que ouvi esta expressão latina foi no filme "Sociedade dos Poetas Mortos", de 1989, com Robin Williams no papel principal como um professor meio subversivo num ambiente extremamente conservador e castrador de um colégio particular da elite americana - o filme é o máximo e vale a pena ser visto (meu filho de 16 anos assistiu outro dia no colégio e também se emocionou, comprovando que a história continua atual!).

Agora, voltando ao conteúdo da matéria, ele trata de uma recente descoberta dos cientistas e psicólogos: a tendência que os seres humanos têm de adiar alguns prazeres da vida - sabe aquele velho hábito de guardar a melhor louça para visitas especiais ou só abrir "aquela" garrafa de vinho (que já está guardada há um bom tempo, aliás) quando algo de extraordinário acontecer? Pois é isso aí - somos procrastinadores de prazeres (ou como descreve a matéria no idioma original "procrastinators of pleasure".
Nunca ouviu falar? Nem eu, mas parece que o fenômeno é bem mais comum do que parece - basta ver o quanto as companhias aéreas economizam anualmente com aqueles consumidores que deixam suas milhagens (trechos gratuitos) expirarem (eu mesma já perdi alguns milhares)!

Agora, os pesquisadores começaram a investigar que estranho impulso é este que faz com que a gente deixe para desfrutar amanhã aquilo que poderíamos aproveitar hoje - o que dizer do turista que vem a São Paulo e visita uma série de lugares incríveis que nós, moradores desta cidade, nunca "tivemos tempo" de conhecer (é uma vergonha, mas nunca estive na Pinacoteca do Estado, destino obrigatório de qualquer turista!).

Outra coisa importante: esta procrastinação de prazeres pode se tornar um ciclo vicioso. Isso acontece quando você passa a acreditar que o "Nirvana" está por vir e que, portanto todos os prazeres devem ser desfrutados quano ele chegar (quanto mais trempo vc demorar para abrir aquela garrafa de vinho, mais especial a ocasião terá que ser!

De acordo com os pesquisadores, as pessoas que têm o hábito de não aproveitar os benefícios que recebem, não o fazem porque imaginam que no futuro vão se culpar se uma oportunidade melhor aparecer e o tal prazer não estiver mais a disposição por ter sido desfrutado numa ocasião qualquer. Estas pessoas nunca imaginam o contrário - que hoje têm saúde para aproveitar o benefício que ganharam ou que, se jogarem no fundo de uma gaveta na expectativa de aproveitar tudo no futuro, podem acabar se esquecendo e perdendo o direito a ele (as tais milhagens!).

Prá terminar, o jornalista ainda lembra de outro filme incrível, "Sideways" (2004), cuja história gira em torno de vinhedos e vinhos (uma delícia!). Em determinado momento do filme a personagem Maya (Virginia Madsen) aconselha Miles (Paul Giamatti) a abrir uma garrafa de vinho Cheval Blanc 61 (1200 euros!) que estava guardando apaixonadamente e por tanto tempo que havia o risco de o vinho azedar! Quando Miles se justifica dizendo que estava esperando por uma ocasião especial, sua amiga Maya dá a devida perspectiva ao tema: “O dia em que você abrir uma garrafa de Cheval Blanc 61, este será um grande dia, uma ocasião especial.”

Por isso gente, neste final de ano, que tal tomarmos um resolução de ano novo e, na medida do possível, não deixar nada para amanhã - Carpe Diem!

E amanhã tem mais...

4 comentários:

  1. Outro dia,minha filha, numa situação parecida, guardando a melhor louça para as visitas, disse-me: Mãe você já pensou que tem direito e merece usufruir de coisas boas?
    È bom os psicólogos encontrarem uma resposta logo, para este comportamento, pois parece que é um conceito universal: esperar uma ocasião importante.
    Tenho coisas da minha mãe, nunca usadas, pelo mesmo motivo e ela já não está mais entre nós.
    Antigamente até se podia pensar em uma roupa ou um objeto que sobrevivesse a décadas, mas...hoje em dia , tudo fica fora de moda e isto vale até para mobília, azulejo etc Então...

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  2. Então acho que sua filha tem razão - por que temos que esperar que alguém especial nos visite para usar aquela louça bonita? Não deveríamos nos considerar especiais e merecedores daquilo de melhor que temos em casa? Carpe Diem!!

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  3. tudo isso lembra minha querida avo, ela foi para o Ceu em Junho de 1999, e as loucas e faqueiro do casamento dela, guardados no armario. Vovo saiba que sinto muito sua falta. obrigado por tudo. Beto

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  4. Beto, que fofo o seu comentário. Dá uma saudade,né? Claudia

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