2009-12-10

A Infantilização da População ou Adolescência Sem Fim

Fonte: CONSUMIDO - Como o mercado corrompe crianças, infantiliza adultos e engole cidadãos (Benjamin Barber)

Ainda estou lendo este livro polêmico e radical (talvez meio no estilo dos documentários Michael Moore), mas já queria dividir algumas idéias do autor com vocês. Assim como o documentarista mencionado, o autor Benjamin Barber me parece meio fatalista, mas não deixa de ter razão em muitas idéias que defende.

Vocês conhecem os termos kidults (kids + adults) ou adultescentes? Estes neologismos pop são a conseqüência de um fenômeno cultural mais sentido que reconhecido – “uma infantilização que está associada às demandas do capitalismo de consumo numa economia de mercado global”.
De acordo com o autor, as grandes corporações tentam nos manter adolescentes e infantis pelo resto de nossas vidas a fim de que conservemos algumas características das crianças que ajudam muito nas vendas:

1) crianças não toleram frustrações e não conseguem postergar a satisfação de seus desejos - tudo tem que ser já, não dá para esperar
2) a impulsividade infantil (em adultos prósperos) assegura o consumo excessivo
3) narcisismo
4) aquisição sem propósito

“Vivemos numa era em que as pessoas cada vez mais se recusam a agir de acordo com sua idade...a adolescência, para alguns, dura para sempre...a negação da idade está em toda parte” diz Robert Samuelson. Ele conta com várias evidências (algumas bem engraçadas) para ser tão enfático em sua afirmação e acreditar na tendência Peter Pan:

1) Reportagem de capa da Time: “Eles simplesmente não vão crescer”
2) Reportagem de capa da New York Magazine: “Jovem para sempre:por que ninguém mais quer ser adulto?”
3) Para acalmar os passageiros em áreas de inspeção e revista nos aeroportos americanos a policia distribuía pirulitos
4) Leitores adultos fanáticos por Harry Potter e a saga Crepúsculo (confesso que sou uma destas leitoras! Já li todos os livros de ambas as séries a adorei!)
5) Venda de vídeo games para adultos (brinquedos caros e muitas vezes de temática mais adequada a adultos do que às crianças)
6) Sucessos de público adulto como Homem Aranha, Exterminador do Futuro, Shrek
7) Cirurgia plásticas e botox prometendo a fonte da juventude para mulheres e homens
8) Remédios como Viagra para homens que “tentam contrabandear a juventude para a idade da previdência social”

Em resumo, o autor acredita que os marketeiros estão incentivando a regressão dos adultos, esperando reacender neles os gostos e hábitos de crianças, de modo que possam vender globalmente a parafernália inútil de jogos, aparelhos e inúmeros bens de consumo.

Por fim, a revista Economist resumiu: “Antes você crescia, deixava de lado as coisas infantis. Hoje, o analista de Wall Street de 35 anos que corre para o trabalho de bicicleta, ouvindo seu Ipod e carregando seus relatórios em sua mochila, tem muito mais em comum com um jovem de 20 anos do que tinha uma geração atrás”

É isso gente, hoje os trinta anos são os novos vinte anos e os quarenta são os novos trinta!

E amanhã tem mais...

3 comentários:

  1. A industria procura lancar produtos que as criancas e adolescentes de 20/30 anos atras cobicavam. Hoje, eles eh que detem o poder de consumo e a decisao da compra.
    Nos anos 80 por exemplo, Ozzy Osbourne e AC-DC eram vistos pela populacao em geram como uma aberracao. Hoje, quando aquela geracao de fas estah com seus 40 e tantos anos, Ozzy Osbourne eh Reality Show e AC-DC estah presente em qualquer FM. Eles nunca venderam tanto.
    O mesmo ocorre com a industria cinematografica, eles procuram re-lancar filmes que foram sucesso 20 anos atras, agora buscando aqueles mesmos fas, que hoje sao pais de familia e nao apenas irao assistir mas provavelmente irao levar seus filhos tambem.
    Automoveis classicos, como o Corvette, ainda sao fabricados e nunca foram tao caros. Aqueles adolescentes de 30 anos atras hoje nao se importam em perseguir o sonho de infancia e finalmente poder dirigir seu conversivel aos finais de semana. Dificilmente um jovem de 30 anos - mesmo que endinheirado - optaria por esse veiculo, ele nao possui o memso apelo para os que nao viveram aquela epoca.

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  2. Sabe quando eu sinto esta "nostalgia" daquilo que foi sucesso na minha infância (eu tenho 42 anos)? Quando eu vejo algum jogo que eu AMAVA quando era criança sendo relançado e compro para os meus filhos - fico na maior expectativa achando que eles vão amar e...nada! Eles acham ok, mas os apelos hoje são outros. No fim, eu compro para tentar resgatar um pouco daquele sentimento de quando era criança.

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  3. O que o autor não percebeu é que adolescentes não são crianças. Logo, o problema da infatilização é consolidado na adolescência.

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