2009-12-22

Como pequenas coisas podem fazer uma grande diferença


Fonte: The Tipping Point, de Malcolm Gladwell

Como surge uma moda? Como as tendências acontecem? Por que de um dia para o outro começam a aparecer dezenas (depois centenas, milhares, milhões) de pessoas usando uma pulseirinha colorida de borracha em benefício de uma causa qualquer? Quem não se lembra dos braceletes amarelos da Fundação Lance Arsmtrong, o ciclista? E depois dele, pulseirinhas da Nike, do combate ao Câncer de Mama e de um monte de outras fundações! A coisa começa pequena e depois se espalha por toda a cidade, todo país, o planeta...
A melhor maneira de compreender o surgimento das tendências, dos fenômenos de popularidade, da transformação de livros desconhecidos em best-sellers, da propaganda boca a boca ou de qualquer outra mudança misteriosa, é pensar em todas elas como epidemias. Idéias, produtos, mensagens e comportamentos se espalham como vírus. E os novos modismos podem surgir a partir de pequenos acontecimentos - ex.: os calçados Hush Puppies (marca tradicional americana, completamente fora de moda por volta de 1994), voltaram a ser considerados "fashion" depois que foram vistos nos pés de alguns frequentadores de clubes noturnos e bares do centro de Manhattan. Era apenas um nicho(bem nicho) da população que resolveu resgatar esses sapatos, que já não se encontravam mais em loja alguma. Esta parcela de habitantes de Nova York começou a garimpar os brechós em busca dos tais Hush Puppies. A marca tinha praticamente desaparecido do mercado e sua fabricante (Wolverine) já pensava em interromper completamente sua produção, que estava naquele momento na irrisória casa dos 30 mil pares/ano - concentrada em lojinhas do interior do país.

No entanto, aquelas pessoas, consideradas modernas e formadoras de opinião começaram a usar os Hush Puppies e a ser vistas com os mocassins, andando pelos lugares descolados de Manhattan. A empresa não teve nada a ver com aquilo e não gastou um centavo com propaganda - o fenômeno foi espontâneo! No ano seguinte a febre começou a se espalhar: estilistas começaram a telefonar para a fábrica em busca dos sapatos que seriam usados por modelos nos desfiles de moda. A tendência ainda estava restrita ao "mundinho fashion", mas pronta para cair no gosto popular. Resultado: em 1995 a Wolverine vendeu 430 mil pares do modelo clássico e, no ano seguinte, 4 vezes mais, até os sapatos voltarem a ser uma peça básica no guarda-roupa do jovem americano.

Assim, essas tendências, estes modismos surgem como uma epidemia. Mas há mais coisas além de moda que são tão contagiosas como um vírus. Quer um exemplo? O bocejo!!! Bocejar é um ato forte. Boa parte dos leitores do blog estará bocejando daqui a pouco somente por ter lido a palavra "bocejo" e "bocejar". Até eu, enquanto escrevo já bocejei...Se você estiver perto de outras pessoas que o virem bocejar, é provável que mais gente comece a abrir a boca também! É assim, um círculo interminável! O bocejo é muito contagiante!

E agora, se você bocejou ao ler este texto, será que passou pela sua cabeça, mesmo que muito rapidamente, que você pode estar cansado? Acho que isso aconteceu com uma parte dos leitores, o que significa que bocejos podem, ainda, ser emocionalmente contagiantes! O simples fato de escrever a palavra torna possível incutir um pensamento em sua cabeça. Já imaginou como somos vulneráveis e suscetíveis a todo o tipo de sugestão?

É isso.
E amanhã tem mais!

Um comentário:

  1. Incrivel, nunca tinha percebido que apenas lendo a palavra "bocejo" eu bocejaria... E nao consigo parar!
    Acabei de me atualizar lendo seus textos e adorei.
    Um bjao e Feliz ano novo!

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